Sobre os eternos instantes de celebrar….

texto-luis bogo ,escritor , poeta e colunista

Legenda da foto: O colunista, em companhia de seu filho Lourenço e de Raquel Lima Pereira, celebrando a vida

Jamais tive a intenção de utilizar este espaço para falar da minha vida pessoal, pois este planeta nos oferece motivos de comentários e ponderações a todo minuto, com eventos, ocorrências e episódios bem mais importantes à sociedade do que a descrição da sobremesa que degustei no jantar de ontem.

Porém, hoje abrirei uma exceção para falar da felicidade que senti na última semana ao receber a visita de meu amoroso filho Lourenço e de sua gentil namorada Rachel, que vieram do Rio de Janeiro e me fizeram companhia por três velozes dias. Em uma de nossas conversas, pedi que me sugerissem um tema para minha próxima crônica, e a palavra que surgiu foi “celebrar”.

Gostei da sugestão, feita no instante em que celebrávamos o meu reencontro com Lourenço, depois de quatro anos, e a oportunidade de conhecer pessoalmente Rachel que, oportunamente, teve a feliz ideia de seduzi-lo há cerca de três. Porém, para que este texto não fique marcado apenas como um registro de “álbum de família”, vamos nos ater ao verbo celebrar, que significa comemorar ou “acolher com festejos” ou, ainda, “realizar acontecimento ou cerimônia com solenidade”.

Sim, foram dias em que festejamos muito, especialmente o fato de estarmos vivos e saudáveis, de não fazermos parte das macabras estatísticas que apontam centenas de milhares de mortes e de não termos nossa família mutilada pela pandemia. Celebramos o fato de não termos nossas vias respiratórias contaminadas pelo vírus e suas variantes, e de nossos ouvidos estarem imunes às notícias falsas e ao negacionismo. Celebramos o SUS.

Celebramos a vida dos que se livraram da verminose usando ivermectina e dos que se protegeram da malária utilizando a cloroquina. Celebramos, principalmente, a chegada da vacina contra o Coronavírus e suas variantes, resultado de investimento maciço de sanitaristas, cientistas e laboratórios espalhados pelo planeta.

Celebramos o fato de vivermos em democracia e comemoramos o fiasco de todos os que se atreveram a aviltá-la nos últimos tempos. Comemoramos o ar que respiramos e agradecemos pelo alimento que ainda chega com fartura em nossas mesas, desejando e esperando que assim aconteça com todos os que habitam este belo planeta.

Admiramos o mar, os rios e as matas. Observamos e Sol e todas as estrelas do céu, nutrindo a esperança de que dias melhores virão se cada um cumprir o seu papel social de forma responsável, fraterna, amorosa.

Rachel é fisioterapeuta. Especializou-se no atendimento a mulheres grávidas, preparando-as para trabalhos de parto menos dolorosos e de menor risco, auxiliando novos seres humanos a conhecerem a luz com menor espanto e sobressalto. Raquel é uma pessoa dedicada à vida!

Lourenço formou-se em Educação Física. Desde a mais tenra juventude ensina tênis à criançada, incentivando meninas e meninos a terem vida saudável e a preservarem seus corpos. Também atende aqueles que já passaram pela infância, mas que também precisam do corpo saudável para honrar a vida que receberam.

De minha parte, celebro o fato de dispor de um canal aberto para difundir informações que colaborem para o esclarecimento geral, que tragam alguma luz sobre aspectos da vida cotidiana que possam estar sendo atrapalhados por manifestações de falsos gurus e suas crenças – ou descrenças, quando induzem ao erro – eivadas de suspeitas intenções.

Mesmo quando não me dedico a temas políticos, acredito que a difusão da arte em geral, e da Literatura, em especial, possa trazer um pouco mais de beleza e doçura a esta nossa caminhada. Concluo, citando Alberto Caeiro, heterônimo de Pessoa:

“ (…) Nem tudo é dias de sol,

E a chuva, quando falta muito, pede-se
-Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E quando haja rochedos e erva…
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica…
Assim é e assim seja…”

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