Indústria da moda discute desafios e estratégias para adoção de práticas ESG

Evento sobre gestão de fornecedores reunirá grandes marcas e varejistas para tratarem o assunto

A indústria da moda enfrenta desafios crescentes para alinhar suas cadeias de suprimentos às diretrizes ESG (ambientais, sociais e de governança). No Brasil, a realidade das micro, pequenas e médias empresas impõe obstáculos à adoção de práticas sustentáveis.

Uma das maiores dificuldades está na baixa capacidade de investimento e de capacitação técnica das pequenas empresas, que constituem a maioria na cadeia de fornecimento da moda. Enquanto grandes marcas e varejistas, chamadas de empresas-âncoras, assumem compromissos públicos ambiciosos em ESG, as menores, muitas vezes, não conseguem acompanhar o ritmo dessas demandas. Como resultado, os objetivos e metas ESG ficam comprometidos, especialmente porque os maiores impactos socioambientais ocorrem nessas empresas de menor porte.

“Entre as soluções possíveis, destaca-se a necessidade de colaboração setorial e de suporte financeiro e técnico para os pequenos fornecedores. Modelos de sucesso internacionais, como a Future Supplier Initiative, uma iniciativa de financiamento coletivo destinada a acelerar a descarbonização da cadeia de suprimentos da indústria da moda, que reúne gigantes como H&M, GAP, Mango e Bestseller, mostram que a união de concorrentes para financiar projetos dessa natureza entre fornecedores é um caminho promissor”, sugere o engenheiro, professor e consultor de empresas, Américo Guelere.

Segundo ele, olhar para exemplos bem-sucedidos da indústria da moda mundial permite concluir que não basta as marcas e varejistas desenvolverem conjuntos de requisitos socioambientais e de governança cada vez mais restritivos sem dar apoio efetivo à toda a cadeia. “Isso envolve o compartilhamento de riscos envolvidos no financiamento das mudanças necessárias que, no caso das micro e pequenas empresas, podem ir desde adequações de edificação até a aquisição de novas tecnologias fabris, passando, necessariamente, pela capacitação das pessoas envolvidas”, ressalta Guelere. E complementa: “e como isso demanda muito investimento, uma alternativa viável tem sido a união setorial, incluindo empresas concorrentes, pois assim, se dividem os riscos e custos ao mesmo tempo em que se promovem as mudanças necessárias para que se cumpram os objetivos públicos assumidos”.

No Brasil, empresas como Lojas Renner, C&A e Azzas 2154 têm dado exemplos de como apoiar o desenvolvimento de fornecedores de forma eficaz. “Além disso, ações como o Programa ABVTEX, conduzido pela Associação Brasileira do Varejo Têxtil, têm contribuído, há mais de 25 anos, para a adoção de boas práticas de gestão socioambiental no país”, destaca o engenheiro.

 

Gestão de Fornecedores e ESG

Fomentar a colaboração e promover o compartilhamento de melhores práticas para impactar positivamente toda a cadeia produtiva da moda em Santa Catarina, estendendo-se para o restante do país, é justamente o principal objetivo do evento “Gestão de Fornecedores e ESG”, que será realizado no dia 23 de outubro, em Blumenau.

A iniciativa também se propõe a fortalecer a formação técnica de profissionais especializados, uma das grandes carências do setor, e apresentar os principais programas de gestão de fornecedores que integram os requisitos ESG da indústria da moda.

“O evento reunirá grandes marcas, instituições setoriais, fornecedores e especialistas para discutir os principais entraves e as soluções possíveis para avançar com a agenda ESG na indústria da moda”, detalha Guelere.

Promovido pela ESGtex, comunidade de interesse e aprendizagem em ESG criada por Guelere, que atua focada na cadeia de valor da moda brasileira, o encontro ocorrerá no Centro de Inovação de Blumenau (CIB), com 10 horas de programação e está com inscrições abertas.

“Implementar estratégias ESG na indústria da moda traz vantagens efetivas, como a diminuição de desperdício e a otimização de processos, proporcionando maior eficiência operacional e redução de custos. O conceito de ecoeficiência, que prega o uso mais racional de matérias-primas e energia, é um dos fatores que pode influenciar positivamente os resultados financeiros das organizações. Além disso, os consumidores estão cada vez mais atentos às práticas das empresas, favorecendo aquelas que demonstram um compromisso real com a sustentabilidade”, finaliza Guelere.

 

Serviço
O quê: Gestão de Fornecedores e ESG
Quando: 23 de outubro
Horário: das 8h às 18h
Onde: Centro de Inovação de Blumenau
Rua São Paulo, 3366, Itoupava Seca
Inscrições em: https://www.esgtex.com.br/
FONTE : OFICINA DAS PALAVRAS : Alessandra Meinicke

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