Amor na maturidade!

Às vezes o primeiro amor só chega na maturidade, ou seja, não vem na ordem certa, para quem aprendeu que os ciclos da vida seguem o roteiro de namorar, casar, ter filhos, netos e assim por diante. E, às vezes, é o segundo, terceiro ou décimo amor no jardim da vida que te traz a plenitude que todos os corações anseiam. Todo esse preâmbulo serve apenas para defender que o amor não tem idade, visto que o coração não tem rugas e a sua intensidade independe de quantos anos já vivemos. E mais ainda, acredito que ter uns anos a mais, não é garantia, mas nos ajuda a fazermos escolhas mais assertivas, baseadas em critérios sobre o que nos faz bem e não em decisões pautadas apenas na ebulição dos hormônios.

Quem diz que o amor não é para pessoas que já passaram dos 40, 50, 60, 70 ou mais está rotulando o sentimento como um produto perecível, que tem prazo de validade. É como se fosse proibido amar quando se tem cabelos grisalhos, rugas, e, principalmente, mais passado do que presente. E talvez esse seja o segredo para relações mais maduras e fluídas, quando a percepção de que o tempo passa muito rápido e que há menos anos a serem vividos do que quando tínhamos apenas duas ou três décadas de vida, que nos faz não discutir por qualquer coisa e valorizar mais as qualidades do que enfatizar os defeitos do ser amado.

Pessoas que se permitem amar, independente da idade, são aquelas que não se limitaram a acumular anos, mas que continuam alimentando sonhos, desejos e, principalmente, se movimentam em busca daquilo que lhes faz feliz. Não se deixam definir pela idade. São pessoas que já se conhecem e, a partir das suas experiências, boas ou ruins, aprenderam o que querem para si e já não perdem tempo com relações sem sentido, sem alma.

Ao mesmo tempo, estão menos rígidas com suas exigências e conseguem ver ternura na imperfeição. Coisa que, às vezes, é difícil quando somos muito jovens e sonhamos com um amor de filme de Hollywood. Com o passar dos anos, aprendemos que amor é muito mais do que atração, é uma decisão. E, a partir do momento , que se toma a decisão de amar alguém, nós nos empenhamos em fazer dar certo, desde que realmente valha a pena e que venha para agregar.

Em qualquer idade amar vale a pena. Porém, acredito que na maturidade aprendemos a valorizar os encontros mágicos, quando queremos fazer morada no abraço do outro, porque o aconchego nos remete ao lar. E são beijos que, ao mesmo tempo em que acendem o fogo, nos trazem a serenidade de termos tomado a decisão certa. Nos trazem a plenitude, aquela calmaria que só corações vividos sabem apreciar.

Estamos falando de pessoas que, mesmo no outono da sua vida, entendem que amar não é mais uma conquista, algo sofrido, mas sim uma conexão baseada na alegria, na ternura, na cumplicidade e na parceria entre duas pessoas que têm afinidades, sonhos e objetivos em comum, temperados com um pouco de malícia. Porque sexo é importante também faz parte das relações maduras. Não com a urgência da juventude, mas com o cuidado de quem sabe valorizar tempo de qualidade e não quantidade. Trata-se de relacionamentos honestos, tranquilos e que tornam o outono muito mais colorido, com cara de primavera. Esses amores normalmente se apresentam com jeito de entardecer com brisa morna, tardes luminosas em praias desertas e noites regadas a um bom vinho, com conversas infinitas e afeto.

Nessas conexões, os encontros não acontecem tendo como finalidade o sexo, como normalmente o é na juventude, mas o sexo acontece como resultado de uma soma de afetos e sensações que alimentam a alma, e não apenas satisfazem a carne. Os amores maduros já conhecem os efeitos da paixão, e , por isso mesmo, desejam algo mais profundo, com intimidade e cumplicidade de duas almas que já passaram por muita coisa e decidiram contribuir com a existência um do outro de uma forma positiva. E por que não desejar aquela cena de filmes em que duas pessoas envelhecem juntas e passeiam de mãos dadas na praia? Não é saudável queremos as relações perfeitas de cinema, mas, mesmo sendo maduros e fazendo escolhas mais racionais, é necessário manter a centelha romântica que insiste em nascer em nossos corações e acreditar que podemos ter momentos lúdicos, como a cena descrita acima, que nos transbordam, independentemente da idade.

 

fonte:LILINI BENTO PORTAL  (imulher )

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