Amor e sexo: qual deles traz mais satisfação?

Para ter amor é necessário ter sexo? E para ter uma relação sexual é necessário amar?  É possível ter os dois em separado, mas aquela pimentinha que torna tudo mais saboroso vem com a junção das duas coisas. Os adeptos das relações “fast-food” defendem que é possível ter prazer e múltiplos orgasmos sem necessariamente estar apaixonado por uma pessoa. Concordo. Os defensores desse tipo de relação apontam que é uma forma de evitar o sofrimento. Também concordo. No entanto, ao evitar o sofrimento evita-se também o sentimento de bem-estar que só o amor traz. A geração de oxitocina, hormônio que produz o amor, é muito maior quando há conexão.

Alguns dizem que amor é sinônimo de sofrimento. Será? Na minha humilde opinião, quando é amor não traz sofrimento, traz paz, apesar de todos os obstáculos que possam ser enfrentados. Mas, e a paixão? Segundo os cientistas, a paixão dura, no máximo, dois anos. Essa, sim, pode trazer insegurança, medo, desconfiança e sentimento de não estar sedo correspondido. E isso pode fazer as pessoas sofrerem e ficarem com o corpo em ebulição, o que deixa os hormônios confusos. Alguns ficam até doentes. Por isso, brinca-se: “Estou doente de amor!”.

Para entender essa equação é necessário distinguir sexualidade de libido. Segundo os especialistas, a sexualidade é uma necessidade fisiológica que pode ser atendida com o ato sexual, independente de sentimento, quando há geração de serotonina (hormônio do prazer). A libido, por sua vez, vem das emoções. Libido vai além de sexo, é o impulso que nos faz viver, rir, e como você toca e é tocado, é muito mais do que o coito. É a empolgação para começar coisas novas, inclusive, uma relação amorosa. A sensação gostosa de estar com alguém e que nos leva a ter desejo sexual é a libido.

De acordo com estudos, é justamente a falta de libido que pode fazer duas pessoas se relacionarem sexualmente uma, duas ou três vezes e não quererem se ver mais. O que faltou? A libido, a conexão que pode levar ao amor. E o contrário também acontece. Você se sente tão bem com uma pessoa, que nasce o desejo sexual e o aumento da vontade de estar com essa pessoa. E com a conexão aumentando – não necessariamente a sexual – por meio de conversas, de afinidades, nasce o amor.

Por isso, fala-se que existe amor sem sexo. Existe. Mas, a relação amorosa não pode começar assim, isso se chama amizade. Quando um relacionamento amoroso começa é uma explosão de sentimentos, de libido, de desejo sexual. Nesses casos, há uma geração simultânea, que não conseguimos quantificar, dos hormônios da felicidade (endorfina), prazer (serotonina), bem-estar (dopamina) e amor (oxitocina).

No entanto, com o passar dos anos, os sentimentos podem ir mudando e alguns casais podem permanecerem juntos pelo amor que desenvolveram nos anos de “fogo”, mas não sentem mais desejo sexual. Às vezes o desejo sexual simplesmente acaba e ambos não sentem falta. E, assim, conseguem manter uma relação harmoniosa. O problema é quando o desejo acaba apenas para uma das partes. Por isso, se vê tantas separações depois de 15 ou 20 anos de casamento.

Quando há uma discrepância entre os desejos e a libido, é bom investigar se há uma causa fisiológica ou emocional para uma das partes não ter mais desejo. Muitas vezes é fácil de resolver isso. Entre essas causas, a origem da falta de libido pode estar ligada a depressão, ansiedade, uso de anticoncepcionais, antidepressivos, alterações hormonais, menopausa, conflitos, estresse, inseguranças, entre outros.

Amor, na minha opinião, é construção. Quando temos alguém que nos faz bem, é necessário investir na relação, na pessoa que está te fazendo bem. Obviamente se houver reciprocidade, um movimento de mão dupla. Quanto mais somos bem tratados, mais geração dos hormônios do bem-estar ocorrem no nosso organismo.  Além disso, quem ama e é amado transita muito melhor nas outras áreas de sua vida. Cuida mais da saúde, tem mais resultado no trabalho (porque está mais feliz) e encara com mais leveza as adversidades da vida.

Sou defensora de experimentarmos o amor, os benefícios são muito maiores. Então, por que se contentar apenas com amostra grátis? Amores instantâneos, com prazeres de curta duração? Sem contar que o “fast-food”, assim como na comida, produz prazer de curta duração e alternamos muito rápido entre mal-estar e bem-estar.

Penso como o poeta Olavo Bilac: “só quem ama pode ter ouvido capaz de ouvir e de entender as estrelas”. Outro poeta que me representa é Mário Quintana: “o amor só é lindo quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser. O amor é isso. Não prende, não aperta, não sufoca. Porque quando vira nó, já deixou de ser laço.” Então, te pergunto: por que você tem medo do amor?

Liliani Bento

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