Sobre a invasão e a guerra da Ucrânia

Quando a União Soviética se desmantelou cerca de 3 mil ogivas nucleares estavam estocadas em território ucraniano. Em acordo firmado em reunião na Hungria, entre a Rússia, os Estados Unidos, o Reino Unido e a Ucrânia, e documentado no Memorando de Budapeste, a Ucrânia abriu mão deste arsenal, comprometendo-se a assinar o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares.
Em contrapartida solicitou que lhe fossem dadas garantias de segurança e o reconhecimento de sua independência, soberania e fronteiras, condição aceita por todos os países que participaram das negociações.
Apenas este fato já bastaria para a ação do governo Putin em relação a Ucrânia fosse internacionalmente condenada, como fizeram a maioria dos países que compõem a Organização das Nações Unidas.
Até pouco tempo, o Brasil gozava de algum prestígio no cenário diplomático, sempre com postura pacifista e negociadora, mas de três anos para cá esta reputação foi se desfazendo, principalmente pelo posicionamento político de Brasília, que tem insistido em apoiar governos e candidatos pouco preocupados com a democracia, a paz e os direitos humanos.
Poucos dias antes de ser deflagrada esta guerra, o presidente brasileiro reuniu-se com Putin em Moscou, afirmando que uma de suas principais missões naquele momento era tratar da importação de fertilizantes russos para o agronegócio brasileiro. Não era a hora de estar lá, muito menos de fazer declarações que, ao invés de colaborarem para o encaminhamento de acordos pacificadores, colocaram um pouco mais de adubo na argumentação beligerante de Putin.
O tal acordo comercial poderia ser firmado em outro momento e sem a presença do presidente do Brasil em um país estrangeiro às portas de uma guerra. O assunto, inclusive, bem poderia ser tratado a nível ministerial.
Após a eclosão do conflito, ao invés de condenar a ação de Putin, Bolsonaro afirmou: “nós não vamos tomar partido, nós vamos continuar pela neutralidade”. Em resposta, a embaixadora ucraniana na ONU, Yevheniia Filipenko, retrucou: “Nesse momento, as relações bilaterais não interessam. O que importa é a resposta conjunta diante das violações”.

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